Minuit de ma vie III

Um vento me foi soprado e me levou a ferrugem amarga da minha eterna dor, fui feliz durante cinco segundos, mas eu sou de ferro, enferrujo de novo, não me vão dissociar da minha dor, a dor da alma torturada que quer paz.

Quero a paz do choro e do silêncio, as lágrimas que aquecem meu rosto e que vem de uma pulsão de uma energia que indica que estou vivo, aqui e agora. Sofrer é viver e sofrer em paz é viver dignamente. A beleza dos arredores não toca minha verdade interior e a insatisfação da falta de identificação queima o que já está completamente destruído, a labareda que insiste em terminar todos os grãos para não deixar qualquer indício do que era. A falta do passado erra meu futuro, e de novo, a encruzilhada se interpõe entre minha vida e minha morte, morte prometida e não cumprida, por certo, devido ao excesso de sensações. A loucura só é permitida quando a anestesia se prolifera, e quando o meu espírito me anestesia, sem proporção de conseqüências, ele pode querer me destruir.

O que em mim será fugaz? O que de mim vai fugir? Eu não quero perder, eu quero saber lidar e quero voltar de onde vim, quero ir para onde eu sou melhor! Quero ser purificado das minhas vontades e das minhas necessidades. Eu sei que não vou perder o controle, a dor resigna, mas eu não quero não estar tranqüilo.

Quero surpresas, que me puxe a sensação do inimaginável, do quase-perfeito, daquilo que propõe a solução, novos ventos que me desenferrujem e que voltem a me enferrujar, porque eu estou no ponto de não conseguir mais respirar sem a minha falta amarga de ar. O vento frio que me corte em brotos e me faça renascer em muitas outras tentativas, sem aquilo que aqui me limita, me prende, me suga e me indispõe.

Natureza perfeita, eu quero ser um grão teu, sentir o teu conforto, teu calor que protege do gelo que eu sinto na minha pele, quero te pertencer, me salva dessa convenção que é ilusória e que esfacela meu espírito. Eu não tenho a quem clamar se todos estão contaminados pela mesma doença que também é minha. Tu, natureza, me determina! Não te me apresentes assim tímida! O que vai me sobrar depois dessa química organizada? Indica a mim o caminho que eu já sou teu, mas não te respeito como deveria.

Não adianta: eu vou continuar a sangrar com os olhos fixos na podridão daquilo que me cerca.

Lorenzo Baroni Fontana

Published in: on 30 juillet 2010 at 23 h 21 min  Laissez un commentaire  

La vie d’un prince

Déjà couché et rechauffé
M’arrive le désir d’un déjeuner.
Que puis-je faire
Quand la faim devient toute Mère
Et je n’ose même la plaire
A cause de mon comfortable chaleur?

Soudain des bruits éclatants
Les cieux et des doux vents
Annoncent plus un orage violent

Faut-il que j’aille
En volant en tant qu’abeille
Obéissant l’instinct d’animal
Qui pour achever finalement ce mal
Dont souffrent tous les humains
Cherchent des miels des fleurs

Me suis-je enfin levé
Pour me donner quelque chose à manger
Des biscuits salés avec une tasse de lait

Me voilà à mon lit
En attendant la première goutte de pluie
En priant à Dieu
Depuis mon lieu
De vous faire mes meilleures voeux
Cette nouvelle journée!

Lorenzo Baroni Fontana

Published in: on 28 juillet 2010 at 22 h 58 min  Laissez un commentaire  

Minuit de ma vie II

Me voilà pour taper quelque chose…

Connaissez-vous cette chanson-ci?

J’étais en train de la chanter dans une soirée, mais le silence se faisait si grand que j’ai eu peur d’être écouté par quelqu’un. Plus une fois j’ai été vaincu par mon peur et j’étais vraiment triste pour cela.

Mais voilà des nouveaux jours, un derrière l’autre, les bruits autour de moi qui commencent à crier, et je me retourne toujours à ma chanson sans peur.

Lorenzo Baroni Fontana

Published in: on 24 juillet 2010 at 23 h 48 min  Laissez un commentaire  

Minuit de ma vie I

Companhias tirânicas, fecharam minha janela de aço, trancaram minha porta de bronze, corroeram minhas paredes de ouro… destruíram a pintura da minha casa, privaram minha realimentação de luz, deterioraram minhas funções, sugaram minhas possibilidades.

Bonecos em função de maus sentimentos, em função de ordens vindas do desconhecido mundo das perturbações internas… vidas carregadas e arrastadas pelo sofrimento, a morte já não cura, as razões já não são claras, o controle não pode ser mais meu… Espíritos malignos? Não… Carmas de vidas passadas? Não… Sentimentos mal resolvidos, equações sem respostas, dividendo sem quociente… Carne podre em ossos esfarelados, decadência visível, porém mascarada… Princípios conflitantes, vontades opostas, necessidades desconhecidas, intenções apagadas… Que o vento leve!!

Depois do vento, tem um destino, nada se pode acabar. Acabar o bom, acabar o mal… O mal é tão bom, alimenta a alma, amadurece o espírito, confunde os gestos… Reconstruir os gestos = teatro = Livre… sem ninguém, como sempre foi… Sem papel, sem assinatura, sem dinheiro, sem burocracia, vontade de nada, vontade de sol, voz e violão… Vontade de paraíso, de azul, de luz branca. De água transparente, de paz… Mundo místico, mundo bom. Religião motivada por mim e não por Jesus Cristo.

Como ajustar tolerância, paz, amor na lama de indiferença, de desvontade de amar? Ninguém é meu, eu sou ninguém para todos, ninguém pode ter, porque eu não posso, eu não quero, eu não devo, eu não tenho como admitir… Por quê? Porque não posso dizer, porque não tem resposta, sentimento não tem resposta, sentimento sequer pode ser questionado. Mas quero algo meu… tirânico exercendo o poder quando convém, boneco avançado manipulando outro boneco, vidas mal resolvidas se cruzando, se alimentando com suas próprias amarguras. Deus era amargo comigo… queria sentir sua bondade infinita, queria sentir sua paz banhada de luz colorida, queria sentir sua energia contagiante. Quero que Deus seja feliz.

Deus não é feliz… Desde os meus 11 anos Deus despencou do céu e eu não consigo pôr no colo, acariciar, demonstrar afeto. Descoberta a ameaça à liberdade: eu … Quem pode prender? Eu. Quem pode reprimir? Eu. Quem pode controlar? O sobrenatural do meu lado de dentro. Restou a vontade de ouvir arranjos e acordes arrojados perdidos no tempo de uma música… Música nova, criação nova, sem fronteiras, música livre, sem classificação, música que renove minha alma de alguma coisa que não sei bem o que é.

Lorenzo Baroni Fontana

Published in: on 24 juillet 2010 at 23 h 23 min  Comments (1)  

Segura?

Corta as asas …
… e carrega, meu filho.

Cortam asas …
… e as carregam, minha senhora.

Carregam cortes …
… e voam, meu sinhô.

Saem cortados …
… e voam, barbaridade!

Cortam …
… e retiram as asas, rapá.

« O negro põe a mão na cabeça e chora…
… e chora. Sentindo saudade do rei. »

Lorenzo Baroni Fontana

Published in: on 24 juillet 2010 at 6 h 54 min  Comments (1)