Mères d’Afrique

Il n’y a plus de femmes à Jamhuuriyadda Soomaaliya,
Puisqu’elles ont cessé de chercher des perles d’espoir de la civilization.
Mogadiscio perdu
La nature même n’a pu guère leur donner repas,
Et elles pleurent, la tête nue sans aucune ambition.
Mogadiscio qui jaillit maladive.

Il n’y a plus de femmes en Rwanda,
Car elles ont une pierre sèche au fond de leurs coeurs.
Kigali corrompue
Les tueurs de leurs destins leur cueillent les fleurs
Qui jadis remplissaient d’espérence leurs déesses.
Kigali, faible soleil

Il n’y a plus de femmes à la Guinée Conakry,
Parce que les a tuées l’ombre d’une tradition non-vécue.
Conakry survécue
Les diamants n’ont pas même leur servi de parure;
L’ombre a tous avalé.
Conakry Hallelujah

Lorenzo Baroni Fontana

Published in: on 22 novembre 2010 at 2 h 03 min  Laissez un commentaire  

O anjo e o asfalto

Dia abrochado às custas do funesto e delicioso umbral dos trópicos faz despontar amarelado pálido astro-rei que fervilha da umidade noturna o bafo da vida. Desarrolham-se aos ouvidos cantigos de bem-viver de passarinho de um tom ansioso do frenesi de ir para além buscar vida. Quantos mundos de conquista ainda lhe reserva a jornada: há muito de que se fazer! Correr léguas já lhe predestinou os céus, carrega consigo incrustado à carne a predestinação do além voar, a cercar do que viver. Passa arvoredos que de verde não lhe confundem os caminhos, pousa ramos amigos que de bondade lh’oferecem alimento, caminha ribeiras profundas que de cristalinas lhe servem a própria imagem. Acompanha sempre o dom de cantar nos festejos do sempre bom procurar lugar d’onde repousar. Sempre se há ainda o que comemorar. Bons ventos não lhe escassam, amenidades que só privilegiam as terras dos mares. E vai a volar o pequeno pedaço amarelo de Deus, tão imponente e tão importante ao alto de todas as existências.

Até barrar-se com vapores cinzentos egoístas, produto da desevolução humana. Impregna-lhe de lhe fazer retorcer, turbulências do novo mundo. Já aqui não há mares verdes que de suados concedem o suco da vida. Já aqui não há os horizontes recortados que de límpidos favorecem as novas escaladas. Já aqui não há as correntenzas harmoniosas que de bondosas convidam todos a dela se fartar. Já aqui não há a solidariedade que do bem conviver enriquece a busca pela vida. Aqui é terra d’El-Rei concreto d’argamassa, dos horizontes cinzas apavorados e tremidos, das correntezas melancólicas e funcionais, dos pecados e imundícies. Impera aqui o pecado sobre a virtude, a malevolência sobre a benevolência, o egoísmo sobre a comunhão. E que de confuso em pairando sobre os ares desconhecidos de um aroma perturbador, o heroi perde as forças e as conexões do seu instinto, pousa na beira de um precipício murmurante. Não sabe onde está nem aonde ir. As vozes fulminam-no e paralisam-no como em um retirar-lhe vitalidade. E se abandona inerte ao próprio destino, sem radares coerentes que o faça voltar para as amenidades doces do lar.

Já murcha o sol tropical de quase zênite e as mãos do umbral agarram a terra construída, conferindo-lhe fantasmagoricamente maus agouros. Cessam-se já as fervilhações humanas para dar lugar à solidão labiríntica de espaço público. Sombras delineiam natureza morta, frágil e em desequilíbrio. E resta ainda o heroi abandonado de lânguido arrastar, lamuriante de um cantar débil, errante de um caminho bom. Venenos entopem os caminhos da voz e cambaleiam as perninhas finas e fracas inocentes de um ente estranho à brutalidade do ambiente. A escuridão úmida reflete uma calma impensada para aqueles ambientes de selvageria humana – as transformações que se operam em poucas de horas surpreenderiam o mais boçal da espécie, que vai todo dia chacoalhar a paz do espaço planejado. Nestas profundas horas em que o céu descansa das intempéries imperiais do rei, já não se ouvem balbúcies, nem passadas, nem cantos de aves, perdidas a meio fio de calçada.

Lorenzo Baroni Fontana

Published in: on 10 novembre 2010 at 1 h 39 min  Comments (1)